Seu filho pré-adolescente atualiza o status no Facebook direto da sala de aula. Você lê as principais notícias do Brasil e do mundo enquanto está preso no trânsito. Sua diarista recebe previsões de horóscopo no ponto de ônibus. Já não há volta. O mundo está cada vez mais conectado e, por que não dizer, democrático graças ao mobile.  

Democrático, sim, uma vez que boa parte da população já pode ter acesso à internet no celular pagando cinquenta centavos por dia de uso. Aqueles que ainda não aderiram a essa nova realidade já planejam adquirir um dos smartphones disponíveis no mercado, visto que os preços vêm caindo de forma rápida. Segundo pesquisa da revista Veja, o número de pessoas que planeja comprar um smartphone, ainda em 2012, já representa 25% da Classe C. Algo absolutamente compreensível.  Com tantas funções, de alarme à plataforma de jogos, de revista à álbum de fotos, o celular tornou-se a companhia indispensável do brasileiro, independentemente de sua classe social.

E é exatamente por isso que me incomoda tanto o fato de ainda ver calhau nos principais portais de notícias do País. É no mínimo estranho observar que uma mídia tão forte tenha seus principais espaços desocupados. O UOL, por exemplo, já ultrapassou uma audiência de 2,4 milhões de usuários únicos por mês em mobile. Pense em quantas revistas, emissoras de rádio e canais de TV a cabo têm essa mesma audiência. A resposta, claro, dá para contar nos dedos. Já o Google anunciou que o número de buscas realizadas pelo celular, no Brasil, cresceu nada menos que 2.900% nos últimos dois anos. E os números animadores não são exclusividade do portal e do buscador. São, sim, o reflexo da queda de preços dos planos de dados e do aumento na venda de smartphones, dois fatores que possibilitam uma experiência melhor de navegação.

E com tudo isso, ainda há calhau. Imediatamente pergunto de quem é a culpa. Do gerente de marketing? Do CEO que, mesmo vivendo neste mundo altamente conectado, não percebeu a oportunidade de inserir sua marca nesse ambiente? Da agência de publicidade que prefere apostar nas estratégias seculares de anúncio em revista e jornal?

Talvez não seja uma questão de culpa, mas, antes, de velocidade. Estamos na área do imediatismo, do always on, de recursos como WhatsApp e iMessage. Não somente as marcas como também os usuários ainda estão buscando adaptar-se a esse novo cenário, às novas etiquetas e às boas práticas de cada rede.

Enquanto questionamos se nossos filhos estão na idade certa para frequentar o Facebook e compartilhar informações pessoais com quem não conhecemos muito bem (mesmo que eles já estejam por lá e não tenham interesse em sair), as marcas passam por um processo semelhante.

É claro que as decisões corporativas acontecem numa esfera completamente diferente da vida pessoal, mas a reflexão é muito semelhante. Esta é a hora de marcar território no mobile e de aprender as regras do jogo. Os consumidores já estão lá. E a sua marca?